Recentemente, o canal norte-americano Lifetime causou polêmica ao anunciar o lançamento do reality show Born in the Wild, que mostrará mulheres que decidiram dar à luz próximas à natureza, sem assistência médica. A ideia não é nova e ficou conhecida devido ao sucesso de um vídeo que já teve mais de 24 milhões de visualizações em dois anos no qual a australiana Simone Surgeoner dá à luz sua 4ª filha na beira de um rio sem a ajuda de ninguém.

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Este mesmo sentimento de que a mulher é capaz de lidar melhor com o nascimento dos próprios filhos é compartilhado pela carioca Valéria Ribeiro, que trabalha como doula, é fotógrafa profissional de partos e teve a última filha em parto feito em casa. “Eu sabia que podia dar conta do recado que, para parir, eu não precisava de todos aqueles procedimentos médicos. Era uma experiência fisiológica muito intensa pra ser tratada como enfermidade”, contou.

Apesar das experiências descritas acima serem bem mais intensas que os milhares de nascimentos que ocorrem diariamente no mundo e até serem motivo de preocupação para os médicos, eles são partes de um movimento em prol da humanização dos partos e da mudança na maneira de enxergar a mulher grávida.

Os números de partos normais vêm crescendo no País, mas o Brasil continua sendo um dos países do mundo com as maiores taxas de cesáreas. No entanto, o crescimento paralelo de partos realizados em domicílio e nas casas de parto têm preocupado os médicos, já que o Conselho Federal de Medicina não indica estes procedimentos.

Cesárea

A cesárea é um procedimento cirúrgico feito com anestesia e dura, em média, uma hora. Entre os pontos negativos da cesárea, estão a recuperação mais difícil, maior risco de infecção e dor pós-parto. Entre os benefícios, está a necessidade dela em casos de emergência que salva rapidamente as vidas da mãe e do bebê.

Apesar do uso excessivo da cesárea ser duramente criticado no Brasil e políticas governamentais incentivarem o parto normal, algumas mulheres preferem o método para evitar a dor do parto e também contar com a certeza do horário e data agendadas. “Relatos de avós e bisavós que ficaram horas em trabalho de parto e tiveram muita dor, gera medo e trauma, então algumas mulheres modernas preferem a cesárea por isso. Hoje, elas também procuram por comodidade, para avisar a família, os amigos, se desligarem do trabalho no prazo que querem”, explica o obstetra Dr. Domingos Mantelli.

Em alguns casos, a cesárea é a melhor opção para manter a saúde da mãe e do bebê, como em mulheres com eclampsia, bebê transverso e emergências durante o parto, como hemorragia e deslocamento de placenta.

Parto Normal Humanizado

É quando as atenções dos profissionais estão direcionadas a atender as demandas e necessidades da mulher. É pensar no parto mais como uma mulher que precisa dar à luz do que no que a medicina tem a oferecer em relação a medicamentos e procedimentos impessoais. Às vezes a mulher só quer gemer ou beber um pouco de água. O trabalho é permitir que a mulher reassuma o papel dela na natureza e ganhe nenê com menos calendário e menos bisturi. O neném não tem compromisso, o dia que ele quiser vir, vem.

Além de incentivar o parto normal de forma saudável durante o pré-natal, a nova postura cuida para que a mulher tenha mais privacidade, espaço, ambiente com menos barulho, busca alternativas de posições que aliviem a dor – como caminhar, receber massagem – além de oferecer água, alimento e apoio emocional durante o trabalho de parto.

Parto Domiciliar

O parto domiciliar é o parto normal feito em casa ou em uma casa de parto. O objetivo é levar o parto humanizado para um ambiente mais íntimo, já conhecido e ter por perto pessoas importantes como parentes e amigos.

Nestes casos, as grávidas geralmente são acompanhadas de perto pelas doulas e obstetriz, uma vez que o Conselho Federal de Medicina não recomenda que médicos obstetras trabalhem nestas situações, por um único motivo: a falta de infraestrutura médica próxima torna muito complicado salvar mãe e bebê caso aconteça alguma emergência, como hemorragia e deslocamento da placenta, casos que uma cesárea de urgência é necessária.  “A paciente vai correr riscos muito maiores, seja em casa, na beira do rio, na rua, em qualquer lugar. São riscos desnecessários caso precise de uma cesariana de emergência”, explica Dr. Domingos Mantelli.

A prática tem ganhado cada dia mais adeptas inclusive entre as famosas: Gisele Bündchen, Andréa Santa Rosa (esposa do ator Marcio Garcia), Alanis Morissette, Cindy Crawford, Julianne Moore, Demi Moore e Meryl Streep são algumas das famosas que deram à luz em seus lares.

Quando é necessário intervir durante o parto normal?

A humanização do parto busca rever o tratamento das mulheres nos hospitais e dar a ela mais autonomia e conforto no momento no parto normal, no entanto, em alguns momentos as práticas médicas são essenciais para que tudo corra bem. “O objetivo é usar o menor número de intervenções médicas possíveis, somente aquelas que são necessárias”, explica Dr. Domingos Martelli, autor do livro “Gestação, mitos e verdades sob o olhar do obstetra”. Entre elas, estão:

– anestesia peridural: é feita quando a mulher pede e diminui a dor sem deixar a mulher perder os movimentos das pernas, continua podendo andar, agachar, sentar.

– indução do parto: nos casos em que a dilatação não é suficiente e chega no limite de 41 semanas de gestação, pode ser preciso internar e medicar a mulher

– episiotomia: incisão no músculo do períneo para aliviar a pressão para que não haja laceração. É uma técnica largamente utilizada no Brasil, mas não deve ser rotina, é preciso que o médico avalie muito bem durante o trabalho de parto se é necessário.

– cesárea de urgência: feitas em casos extremos como hemorragia, descolamento de placenta, entre outros. “Quando indicada a cesárea é ótima, salva vidas”, afirma o obstetra.

Parto humanizado normal: É para todo mundo?

Temos muita indicação de cesáreas que não são necessárias, mas a maioria esmagadora das mulheres tem condições de ter um parto normal. Há alguns quadros que podem excluir a possibilidade de um nascimento natural, quando é preciso recorrer à cesárea, como eclâmpsia, convulsão, hemorragia, suspeita de deslocamento de placenta e bebê transverso.

Mitos: muito se diz que depois de ter tido uma cesárea e quando o bebê é grande demais não é possível ter um parto normal, mas os médicos afirmam que isto é falso, já que fundamental é avaliar a evolução de cada mulher. Se os batimentos do bebê estão bem e entrou em trabalho de parto, podemos sustentar. Temos que respeitar a fisiologia do parto e da gestação, não precisamos buscar a exceção porque isto é a plenitude da forma física.

Pré-Natal

Os nove meses de espera para o nascimento do filho servem também para que a futura mãe se prepare para o tipo de parto que deseja ter. Especialistas indicam frequentar grupos de apoio e fazer atividades físicas ajudam o corpo para ter um parto normal.

Cuidar do lado emocional também é importante e, entre as “tarefas” das grávidas, está conversar com o médico e entender como funciona o parto (cesárea ou normal) para saber exatamente o que esperar. Se a mulher entende que as contrações são mesmo muito desconfortáveis e dolorosas, mas que elas vêm e vão embora e são o caminho para o neném nascer, então elas podem tentar não encarar como sofrimento e o trabalho fica mais fácil.

Como amenizar a dor?

“Nada é pior que a dor do parto”. Essa frase virou quase um ditado popular e amedronta centenas de mães de primeira viagem por aí. Mas fato é que, independente do método de parto adotado, é possível lidar com essa dor de forma mais consciente.

Cesárea: a anestesia pode ser peridural ou raquiadiana, métodos que deixam a mulher perfeitamente consciente e anestesiada apenas em algumas partes do corpo. Dessa forma, ela não sentirá nenhum tipo de dor na hora do parto, assim como acontece em qualquer outro tipo de procedimento cirúrgico.

Parto normal: a anestesia é feita de acordo com a vontade da mulher. A analgesia é aplicada nas costas e também deixa a mulher consciente e perfeitamente capaz de se movimentar, fazer força, caminhar, agachar. “A mulher sente que está tendo uma contração, mas sem sentir as dores dessa contração”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Martelli.

É importante que as mulheres entendam que a dor é parte do processo, ela vai e volta, e é uma resposta da força que o corpo faz para que o bebê saia. Por isso, elas precisam se concentrar em fazer o bebê nascer ao invés de focar só na dor que sentem. Essa dor tem uma função. Além disso, à medida que a dor vai aparecendo o corpo produz substâncias para ajudar ela a ser menos dura e que o nascimento seja um grande milagre.

Qual a melhor posição?

Segundo os médicos, alguns métodos na hora do parto ajudam a aliviar dor. Massagem nas costas, água quente no chuveiro ou na banheira estão entre elas. Mas, só o fato de se movimentar pode ser o mais eficiente deles. Sabemos que a posição vertical, de pé ou agachada, diminuem bastante o desconforto porque elas não ficam deitadas esperando a próxima dor chegar.

Quanto tempo dura o trabalho de parto?

A temida dor pode durar horas a fio. Geralmente o trabalho de parto dura entre 12 e 18 horas, mas, claro, com muitas variações. Mas, atenção: esse período só começa a ser contado quando as contrações se tornam regulares. Por exemplo, se são sentidas a cada 10 minutos em uma hora seguida. Antes desta estabilização, quando a dor aparece de tempos em tempos sem regularidade, não é considerado trabalho de parto ainda.

Pós-Parto

Seja para parto normal ou cesárea, o indicado pelos médicos é que as mulheres passem sim os 40 dias em recuperação em que devem se preocupar em nutrir o bebê e descansar.

Parto normal: este método proporciona uma recuperação melhor dando mais liberdade de movimentos e mais autonomia para cuidar do bebê, além de menos sangramento. Muitas vezes quando o parto é fruto do esforço e superação do desafio, o bebê vem com mais energia e a mãe se sente diferente por poder pegá-lo na hora, isso pode fazer com que ela amamente melhor, produza mais leite.

Cesárea: durante este período de recuperação, mulheres que passaram por cesárea podem sentir mais dor por causa da cirurgia. Cesárea tem menos autonomia, é mais complicado, mais desconfortável.

Comer placenta, pode?

Tom Cruise disse que comeria a placenta e o cordão umbilical da filha quando Katie Holmes, sua ex-mulher, desse à luz. Depois no nascimento, ele negou. Kim Kardashian também declarou que comeria, mas nunca confirmou se fez mesmo isso. Mas, a atriz americana January Jones, do elenco de Mad Men, confirmou que tomou pílulas com o conteúdo da placenta do filho.

Pode parecer incomum, mas a placentofagia tem se tornado moda nos Estados Unidos. Há inclusive um hospital no estado de Utah que preparar a placenta da forma que a mãe quer consumir, geralmente cozida, batida em suco ou em pó. Segundo os defensores, isso aumenta a capacidade de produzir leite, prevenir a depressão pós-parto, entre outras coisas. No entanto, não há nenhum estudo que comprove que guardar a placenta para consumo futuro traga realmente algum benefício à mãe ou ao bebê.

Aqui no Brasil, a moda ainda não pegou, mas alguns médicos questionam sobre qual destino as mulheres querem dar à placenta.

Fonte: Terra



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Dr. Domingos Mantelli | Ginecologista e Obstetra
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