Na gravidez, o corpo da mulher se transforma e os preparativos para a chegada de um novo membro mexem com toda a família. Mas você já parou para pensar sobre a importância da placenta e do cordão umbilical neste processo? A antropóloga Aline Scolfaro, 32, passou a gravidez em busca do maior número possível de informações baseadas em evidências científicas para garantir um parto seguro e saudável.

Após escolher o lugar onde receberia Bento — ele nasceu em casa, no dia 21 de janeiro — descobriu que a chegada do filho poderia ser mais tranquila se a ligação entre ambos fosse cortada sem pressa, com o “clampeamento tardio do cordão”. Muitas mães não sabem a importância de esperar o cordão pulsar o sangue da placenta para o recém-nascido por falta de informação. E, no caso dos médicos, há pressa para dar continuidade aos outros partos.

“Procurei uma equipe profissional humanizada. Depois, comecei a pesquisar sobre os benefícios do parto para o bebê. Com a espera, um dos principais é que o bebê recebe uma carga de ferro maior. É difícil para o bebê, que está saindo da oxigenação da placenta para respirar pela primeira vez”, enfatiza. “É uma discussão polêmica. É comprovado que evita a anemia e beneficia a saúde de bebê. Aconselho a todas se informarem”, completa.

Diferentemente de Aline, a representante farmacêutica Danielle Queiroz, 31, soube da importância da placenta e do corte tardio do cordão em uma consulta com a ginecologista obstetra que a acompanhou. Após horas em trabalho de parto, mas sem uma boa evolução da dilatação, ela optou pela cesariana. Laís nasceu logo após o Carnaval deste ano e, mesmo com a cirurgia, a equipe médica respeitou o pulsar do sangue para o bebê.

“Minha intenção era parto normal, mas infelizmente não consegui evoluir. Já estava no meu limite e resolvi optar pela última opção. Durante a gravidez, conversei muito com a doutora Cristiane Pacheco, que me explicou os benefícios, como prevenção da anemia por conta do grande estoque de ferro. Esse procedimento já faz parte da conduta dela, que sempre se embasa cientificamente, mas respeitando nossa opinião”, afirma.

Direito respeitado

Com mais de dez anos na área, o ginecologista obstetra Domingos Mantelli aconselha as gestantes a pesquisar mais sobre o assunto, questionar os médicos que as acompanham e ressalta: não importa se o bebê nascerá via vaginal ou procedimento cirúrgico. “Falem com seus obstetras, seja parto normal, natural ou cesárea. Não custa nada esperar o cordão parar de pulsar antes de cortar e os benefícios ao bebê são para uma vida toda”, enfatiza.

Pesquisas embasam benefícios

De acordo com pesquisas científicas recentes, ao invés de ser tratada como coadjuvante, a placenta tem um papel primordial. Por isso, equipes humanizadas defendem esse direito ainda pouco conhecido das brasileiras. Diferentemente do que as pessoas pensam o sangue da mãe e do feto não se misturam. São dois sistemas circulatórios diferentes e completos, que funcionam simultaneamente durante a gestação, de maneira complementar.

Portanto, logo após o nascimento, tudo que há na placenta deve ser transferido pelo cordão umbilical. “Uma nova pesquisa feita pela Universidade do Sul da Flórida (EUA) mostrou que esperar o cordão parar de pulsar para cortá-lo pode garantir a transferência de células-tronco. Além disso, reduz a incidência de hemorragia e diminui a necessidade de transfusões de sangue no futuro”, explica o ginecologista obstetra Domingos Mantelli.

Ainda segundo o especialista formado na Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA) e pós-graduado pela Universidade de São Paulo (USP), no caso de a mãe não ser soro positivo, cada miligrama desse sangue é essencial para os primeiros anos de vida da criança. Ou seja, o sangue que circula pelo cordão é do bebê e é preciso esperar alguns minutos antes de interromper o elo.

“No útero, o sangue do bebê é oxigenado pela placenta. No nascimento, há uma mudança no sistema circulatório da criança para que comece a receber oxigênio pelos pulmões. O bebê está preparado para respirar fora do útero quando a artéria do cordão para de pulsar”, explica. “O corte tardio, três minutos após o nascimento, garante um aporte de sangue adicional para o bebê de até 100ml. Praticamente, anula os riscos de anemia ferropriva”, completa.

DESTAQUE

A prática comum de corte imediato do cordão antes do fim das pulsações pode privar o bebê de 60 ml de sangue, o equivalente a 1.200 ml em um adulto. Esta é uma explicação provável do estranho fenômeno de perda de peso que a maioria dos recém-nascidos apresenta. O novo organismo é colocado sob estresse para reproduzir o sangue que lhe foi negado.

NÚMEROS

100ml

É quanto sangue o bebê pode receber da placenta após o nascimento, caso a equipe médica espere o cordão umbilical parar de pulsar, evitando anemia no primeiro ano de vida.

PONTOS Porquê não cortar o cordão umbilical imediatamente

– Melhor dilatação alveolar e consequentemente melhor respiração;

– Menor risco de Síndrome da Angústia Respiratória;

– Menor risco de choque hipovolêmico e choque psicológico após o nascimento;

– Melhor perfusão cardíaca e cerebral, portanto, menor risco de insuficiência cardíaca;

– Melhor adaptação ambiental devido aumento da temperatura corporal;

– Menor risco de acidose metabólica, devido esse sangue placentário ter Ph balanceado;

– O déficit de mielina por causa do não recebimento de todo o aporte de sangue, aumenta chance de comprometimento neurológico, retardo de desenvolvimento e QI reduzido.

Fonte: A Crítica



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